Alvaro

Natureza

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Alvaro

O Vale do Zêzere deslumbra pela imponente paisagem e o rio surpreende pelo seu profundo traçado sinuoso. Os Meandros do rio Zêzere, um dos geosítios do Geopark Naturtejo classificado pela UNESCO, transformam este local num dos mais belos vales fluviais portugueses.
A região envolvente reveste-se também de interesse ecológico. A mata de Álvaro sempre teve um valor excecional, nomeadamente como amostra da vegetação espontânea de natureza climática ali existente. Pelas encostas íngremes circundantes são evidentes as monoculturas de pinheiro bravo (pinus pinaster), mas é a oliveira (olea europaea) que se apresenta como um elemento marcante da paisagem rural, ou não fosse a olivicultura uma das atividades agrícolas com maior expressão na freguesia.

PIMENTEL (1881) indicava sobre a ribeira de Alvelos que " … frequentemente arraza tudo quanto encontra, principalmente depois da destruição da Mata, a qual retardava a corrente das águas que, descendo da Serra de’Alvellos, a veem engrossar." Referia-se à Mata de Álvaro que foi sendo destruída pela população e pelos pastores que acabaram por queimar o que dela restava em 1840 "...n’outro tempo extensa, composta de castanheiros colossaes, e tão velhos que não se lhes podia aproveitar já a madeira; de carvalhos, de azereiros, folhados, medronheiros e d’outras arvores e arbustos. Grande era a utilidade d’esta Mata do Concelho, não só em razão das lenhas que d’ella se tiravão, e de fornecer de castanheiros bravos a quem plantava novos soutos; mas sobre tudo por obstar a que as águas da Serra se não precipitassem sobre as estreitas hortas da Ribeira, e causassem n’ellas grandes e frequentes prezuijos."

Actualmente, nas linhas de água acima da aldeia, ainda resistem alguns vestígios do que seria a sua vegetação. Os castanheiros, os folhados e os azereiros regressaram. Se o azereiro é a árvore simbólica do território das Aldeias do Xisto, vejamos o que já em 1881 PIMENTEL (p. 256) escrevia acerca dela: "São próprias das encostas d’este Rio, do qual dirivão provavelmente o nome, as arvores chamadas azereiros, bellas por sua forma redonda e copada, sem nunca perderem a folha, e agradaveis pelo aroma de seus abundantes caixos de flores brancas."

No adro da Igreja Matriz encontramos um exemplar de pseudotsuga (Pseudotsuga menziesii) e três liquidambares (Liquidambar styraciflua), espécies originárias da América do Norte e quatro castanheiros-da-Índia (Aesculus hippocastanum), espécie originária das montanhas do sudeste europeu.

O rio da minha aldeia
Álvaro é contornada pela Ribeira de Alvelos e o rio Zêzere corria a seus pés. Corria. Porque actualmente é a albufeira da barragem do Cabril que cria o tranquilo espelho de água em que a aldeia se reflete. Segundo PIMENTEL (1881) o seu nome é originário do tempo do domínio romano, quando era designado Osecarius. Outros autores têm outras opiniões.

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